Slow Fashion e a Desaceleração do Consumo de Moda

_{A “moda lenta”, mais conhecida por aqui através do termo em inglês, surgiu como uma resposta ao que seria o fast fashion, que comanda a indústria da moda por meio de um modelo de respostas rápidas às tendências.}

O movimento Slow Fashion, traduzido livremente como “moda lenta”, está mudando as interações de consumo e cobrando mais atenção das marcas em relação aos seus meios de produção. Essa tendência surgiu como uma contestação ao fast fashion, que sustenta a indústria da moda por meio de um modelo de respostas rápidas às tendências, estimulando a criação de novos desejos por produtos que rapidamente se tornam ultrapassados.

O modelo de indústria de moda atual, vem protagonizando escândalos por conta de danos ambientais causados ao longo de sua cadeia de suprimentos e por denúncias de exploração de trabalhadores.

A Fundação Ellen McArthur, nos trás informativos, no qual a produção de artigos de moda dobrou nos últimos 15 anos em todo o mundo. E isso não é tudo, para produzir apenas uma camiseta de algodão são necessários cerca de 2.700 litros de água, o suficiente para uma pessoa se manter hidratada por 2,5 anos.

O que é o Slow Fashion?

Em contramão da indústria atual, o slow fashion vem com o intuito de ofertar roupas de alto valor agregado, que possuam um longo ciclo de vida e que façam parte de uma produção pequena e artesanal, respeitando o meio ambiente, as matérias-primas e as pessoas envolvidas na sua produção, além de defender a política de comércio justo.

Benefícios

Para além do cuidado ambiental que o movimento trás, você apoia também um pequeno empreendedor, uma etiqueta com princípios valiosos e fundamentais para a sociedade, que pensa na qualidade dos produtos, na diminuição do lixo, na identidade das peças – que não costumam seguir tendências que visem uma venda rápida e um consumo desenfreado. 

O movimento também impulsiona a inovação, procurando encontrar e desenvolver matérias-primas mais sustentáveis e por materiais com novas tecnologias menos agressivas ao meio ambiente.

O Slow Fashion no Ceará

Sendo base de várias exposições e desfiles nacionais e internacionais do mundo da moda, como o Dragão Fashion, e o Ceará Fashion Trade, feira de moda de Fortaleza onde pequenas, médias e grandes empresas mostram os produtos próprios da moda cearense, o estado é uma referência para esse movimento no país. E a moda lenta já conseguiu se encaixar nesses eventos comerciais.

Os pesquisadores Érica Calíope,  Clayton Robson e Cláudia Buhamra, que lançaram o artigo Slow Profile: Estudo das Orientações ao Consumo de Slow Fashion, perceberam que os consumidores cearenses dão preferência a roupas versáteis, de alta durabilidade e que vão além das tendências da moda.

Eles constataram que o consumidor, busca por peças que tenham uma qualidade superior, mas que também, tenha um preço melhor do que encontrado no fast fashion. Outro achado da pesquisa foi que os maiores compradores do slow fashion são os consumidores do interior do Estado, e isso pode ter uma relação direta com o consumo do artesanato local.

Como aplicar o Slow Fashion na sua loja?

1. Procure sempre evitar desperdício, reutilize as sobras de tecidos. Procure aplicar o conceito cíclico.
2. Reinvente coleções antigas, customizando peças ultrapassadas.
3. Faça a logística reversa, que consiste no envio de roupas indesejadas para brechós e organizações filantrópicas e sobras de retalhos para empresas têxteis que atuam no desfibramento de peças, por exemplo.
4. Procure por artesãs locais para criarem colaborações e dá mais valor à sua marca.

O consumidor brasileiro mostra estar se engajando mais em práticas de consumo consciente e sustentável, e os produtores precisam aprender a atingir o público que criou o interesse pela sustentabilidade nas compras de vestuário. Esse estudo feito na UFC contribui com informações para poder identificar os perfis de consumidores do movimento slow fashion.

Como descrito até aqui, o conceito do movimento Slow Fashion é importante para o microempreendedor porque agrega valor ao negócio e gera renda; para o consumidor porque permite que adquira produtos de melhor qualidade; e para o meio ambiente porque ajuda a preservar seus recursos por mais tempo.