Indústrias de confecções buscam recuperar espaço

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Presente em mais de 100 municípios do Estado, a indústria de confecções está entre os setores que mais empregam no Estado. Segundo a Rais de 2012, divulgada pelo IBGE, as 3.916 empresas empregaram quase 32 mil pessoas no ano passado. O mais interessante é que, ao contrário de outros segmentos, as cidades conhecidas por terem força no segmento confeccionista são municípios de pequeno e médio porte, como Taquaral, Pontalina, Jaraguá e Trindade, para citar alguns. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecções de Roupas em Geral de Goiânia (Sinroupas), Edilson Borges de Sousa, somente a Hering abriu mais de 60 facções no interior do Estado como forma de terceirizar e baratear a produção.

Além de pulverizada, a indústria de roupas goiana é conhecida em todo o País pelo bom acabamento das peças, pela criatividade, no caso do jeans – também muito famoso – chama atenção pela boa lavanderia, e o Estado também é forte na confecção de modinha. Mas o setor já teve maior presença no mercado nacional e alcançou a quarta colocação no ranking de maior indústria de confecções do País.

Hoje, o setor perdeu muito espaço e está em oitavo lugar. Acabaram-se os grandes eventos, muitas empresas grandes fecharam. Para o coordenador técnico da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Welington Vieira, trata-se de um setor mais propício para a informalidade, pois com R$ 5 mil é possível montar uma confecção informal. “Faltam políticas públicas para coibir a informalidade e para incentivar a formalidade”. Ele explica que, ao mesmo tempo, estas empresas prejudicam toda a sociedade. Sonegando impostos e não cumprindo com as obrigações legais, elas atenuam um problema social muito grande. Ao menos no interior do Estado, pois propiciam emprego de costureiro para quem não tem escolaridade e nem qualificação para conseguir outro posto.

O presidente do Sinroupas diz que Goiânia possui um dos maiores complexos lojistas de confecção do País e afirma que, reunidas, as 10 mil bancas da Feira Hippie mais as 12 mil lojas existentes na região da Rua 44, fazem do complexo goiano maior um polo maior que o bairro do Braz, em São Paulo. Isso sem contar as quase três mil lojas da Avenida Bernardo Sayão. “São quase 200 mil pessoas trabalhando para movimentar a fabricação e a venda, porém somente de 30% a 40% possuem carteira assinada. Isso é um grande problema”, explica. Ele acredita que é preciso uma força tarefa do Estado, Prefeitura e Ministério Público para reverter esse quadro.

Outro problema apontado são os ambulantes que competem com as lojas e confecções regularizadas. O presidente do Sinroupas diz que esse é um problema que afeta toda a cadeia. Até o final do dia de sexta-feira (8), o HOJE tentou entrar em contato com o secretário municipal deFiscalização, Allen Viana, para comentar o assunto, mas o assessor de imprensa dele não retornou.

O empresário José Alves Pereira Júnior está há 20 anos no mercado de confecções em Goiânia e diz que hoje não consegue mais competir com o varejo. Na loja de jeans masculino Don Pierre, que já vestiu e veste muitos homens de bom gosto, só são vendidas peças no atacado. Ele explica que as grandes redes de departamentos compram calças na China por preços módicos e por isso não dá para competir. Além delas, tem os ambulantes, diz ele. “O jeans goiano se sobressai pela qualidade, bom acabamento, pela criatividade, por isso tem muita saída para o Norte e Nordeste”, afirma.

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Apoio
Edilson explica que o grande e único apoio que o setor recebeu do Estado foram as mudanças na regra da tributação ICMS que ocorreram em 2009. Hoje, quem vende roupa para fora do Estado é isento do ICMS e dentro do Estado a incidência é de 7%. Depois dessa mudança, o setor cresceu 200% diz o executivo. “Muita gente passou para formalidade depois desse ajuste”, diz.

Agora ele diz que busca junto ao governo do Estado e Prefeitura ajuda para fazer o marketing da indústria de confecção goiana fora do Estado. “Nós temos tudo aqui: faculdades que formam excelentes profissionais, mão de obra e uma indústria consolidada. Mas falta apoio político, precisamos trazer ainda mais compradores para Goiás”, diz.

Edilson argumenta que Goiás não tem cultura de exportação de roupas, por isso uma forma de atrair maior clientela seria a realização de feiras e eventos, que, além de movimentar economicamente a indústria de confecções, ainda chama atenção para o turismo no Estado.

O secretário municipal do Turismo, Francisco Bento, diz que os trabalhos de divulgação de Goiânia como uma cidade com qualidade de vida e como um polo confeccionista é feito há anos. E apoia o presidente do Sinroupas quando diz que o fomento para esse turismo de negócios deveria ser maior. Bento diz que está aberto para conversas e ressalta que o setor público é demandado. “Não temos nenhum projeto específico voltado para este segmento, creio que devemos dialogar e interagir para desenvolver ações de maior promoção nesse segmento”, resume.


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